quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Literatura Infantil e boas práticas na escola.


Existem diversas maneiras de trabalhar a questão racial na sala de aula. Nenhuma criança nasce racista, o preconceito está inserido na sociedade. Sendo assim, cabe ao professor sensibilizar os alunos para que esses reflitam e respeitem a diversidade. A literatura infantil pode ser uma aliada do professor e contribuir significativamente para esse processo. O livro "Menina bonita do laço de fita" de Ana Maria Machado é um dos diversos livros infantis que discute a questão racial. Neste livro, a autora trabalha com a questão da origem dos indivíduos destacando que ninguém pode mudar de cor. Além disso, a beleza negra é valorizada, o que pode ser determinante na vida de uma criança negra que está acostumada com um padrão de beleza europeu.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

De Isabel a Inácio Lula: A Redenção Em Dose Dupla

A memória não é o forte nos (as) negros (as) do Brasil, portanto ter guardado fatos da história a eles diretamente ligados, muito menos.
O Estatuto de Promoção da Igualdade Racial depois de anos percorrendo caminhos tortuosos no Congresso Nacional, desde que por infelicidade da negrada brotou como uma grande idéia dos miolos do então deputado federal Paulo Paim, finalmente vai ser sancionada no dia 20 de novembro - Dia da CONSCIÊNCIA NEGRA - pelo Presidente da Republica Luiz Ignácio Lula da Silva.
Mas desde que Paulo Paim decidiu, com apoio de outros negros a tornar concreta esta sua “grande idéia” que a marca deste projeto de estatuto é transitar como uma Lei Áurea de tempos modernos nos meandros do Congresso Nacional.
O Estatuto dos Negros, nome que deve passar a ter depois da sanção do Presidente da República é como o mandacaru que mata a fome do gado, mas não alimenta e só serve para prolongar uma vida miserável durante os meses de seca e fome que se repetem ha séculos, todos os anos no sertão do nordeste do Brasil. O Estatuto como o mandacaru é apenas um paliativo como foram às leis antecessoras a respeito.
Uma nave espacial vindo de outro sistema solar, ao chegar ao Brasil e observar o comportamento de negros e negras que auto se definem militantes da causa do povo negro, os seus tripulantes haveriam meneando a cabeça e com certa comiseração, concluir:
- Os humanos de cor preta deste imenso país com certeza são os mais crédulos de todo o planeta terra. Acreditam em tudo e em todos e ainda vivem de sonhos irrealizáveis e de falsas promessas.
Como tem acontecido na nossa história os militantes de nossa causa insistem em acreditar sempre, ainda que exemplos registrados pelo tempo sejam a negação de seus sonhos e túmulo de suas esperanças.
No passado os negros e as negras também, acreditaram na Lei Áurea que abolia o trabalho escravo. Em razão de ter sancionado a lei da abolição da escravidão a Princesa Izabel foi titulada a Redentora, condição assumida, como gratidão, pelos negros da época.
Os anos pós-Abolição; com o subemprego, a favelização, o preconceito aonde chegava em razão da cor de sua pele e a discriminação racial que sofria ao bater as portas do mercado de trabalho, mostrou à negrada a outra face - a verdadeira se alguém tem dúvida - daquela “lei redentora” e dissipou suas esperanças de uma vida melhor como emancipada, até porque, as novas relações de trabalho “estranhamente” o único beneficiado era o branco, o imigrante europeu.
No pós-Abolição o negro além da vida miserável a que lhe reduziram ainda tinha que suportar as duras palavras dos antigos aliados brancos abolicionistas quando se lamentava do seu infortúnio, de que não tinha do que reclamar, pois todos os seus problemas foram resolvidos com a Lei Áurea, não era mais escravo.
No momento atual há uma militância negra que acredita neste Estatuto da Igualdade Racial que vai ser sancionado pelo Presidente Lula como se fosse uma nova “lei áurea” que vai promover a igualdade racial entre pretos e brancos. Acreditam assim que é possível fazer uma igualdade racial efetiva através de lei, ainda que o interesse de ser igual seja apenas de uma das partes envolvidas, o negro. Até o presente momento não houve um só pronunciamento de branco que diz querer ser igual ao preto, mesmo estando na mendicância.
O que não se pode deixar de reconhecer é que a militância negra do Brasil - e apenas a deste País - sem sombra de dúvidas é a militância abençoada de Cristo, ungida pela palavra do profeta de “bem aventurados os que crêem sem ver”, uma referência de Cristo ao mais sensato dos apóstolos, Tomé, que contrariando as palavras de Cristo se tornou santo mesmo sendo aquele apóstolo que só acreditava no que via.
Os tripulantes da nave espacial haveriam de ficar surpresos com os humanos de cara preta que se consideram de maior consciência étnica e social, em relação aos outros pretos que vivem no subemprego e continuam tendo como moradia, local o mais humilde que eles conheceram.
Os surpresos alienistas é certo que perguntariam a si mesmos: Como pode existir tamanha ingenuidade nos caras pretas quando eles próprios sabem que no Brasil as leis não são cumpridas, apenas as que convêm à elite dirigente. O estatuto aprovado na Câmara Federal com inclusão de todas as imposições dos ruralistas é um exemplo do que se está afirmando.
Os alienistas é provável que gostaria de perguntar a esses (as) negros (as) bem aventurados e que crêem sem ver, se o Estatuto do Idoso é cumprido no que é essencial ao idoso e se o Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser garantia de futuro melhor para criança e adolescentes que tem às ruas como moradia, o trabalho árduo no campo e a prostituição nas cidades como meios para suas subsistências.
O Estatuto do Índio em tramitação no Congresso Nacional, a pergunta é; se há quem possa afirmar que por conta dele como lei, os indígenas estarão em condições melhores do que seus antepassados por ocasião da chegada de Cabral ao Brasil.
A Constituição Federal, Lei Maior do País foi promulgada em 1988 e, no entanto passado mais de 21 anos, as terras quilombolas não foram tituladas na sua totalidade, embora o Artigo 68 das Disposições Gerais Transitórias da Constituição Federal seja auto-aplicável.

Das poucas terras tituladas não há noticia de que os “beneficiários quilombolas” tenham recebidos qualquer ajuda material ou financeira que os possibilitem coletivamente de se viabilizarem economicamente. A verdade é que os quilombolas das terras tituladas têm a terra, mas não as condições mínimas para viver nela e como seu antepassado escravo que ganhou a “liberdade” mas não teve as condições para usufruí-la.
O que se divulga hoje, dias antes do 20 de novembro de 2009, é que nesta data em que o Presidente Lula sancionará o Estatuto, trinta comunidades negras rurais quilombolas terão suas terras tituladas, recebendo ainda, cesta básica com inclusão de seus comunitários no Bolsa Família. Zumbi dos Palmares com toda a certeza estará se revirando no túmulo parodiando Luis de Camões que viveu no século anterior, de que “uns fracos negros fazem fraco um forte povo negro”.
A soberba e a arrogância dos (as) negros (as) pró-Estatuto não têm limites e menos ainda a ingenuidade em acreditar que sancionada pelo Presidente Lula esta Lei de Promoção de Igualdade Racial, será a segunda “abolição” para os negros como fora a primeira abolição assinada pela Princesa Izabel para os negros reduzidos a escravidão.
Na medida em que negros e negras pró-Estatuto não tem dimensão da história é certo que um deles deve, ajoelhado beijar a mão do Presidente Lula, como fizera José do Patrocínio, ajoelhado beijou a mão da Princesa Izabel, a Redentora.
Esta cena, desta “lei áurea” fora de época não será perdida pela história, na medida em que ela lembra o pensamento de um determinado senhor Marx do século XIX, de que a história só se repete como farsa ou como tragédia.
Assim esta promoção de igualdade racial no futuro pode ser repetição da história, uma farsa ou uma tragédia ou ambas ao mesmo tempo, como fora a abolição do trabalho escravo para os negros no passado.

Yedo Ferreira – MNU/RJ

Fonte: http://mnu.blogspot.com/

Política Nacional de Sáude Integral da População Negra


Conforme previsto na Constiuição Federal de 1988, a "saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e conômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação" (art.196).
A partir da constatação através de inúmeros estudos e discussão dos movimentos sociais, percebeu-se que o racismo também estava presente nos atendimentos à população negra, como por exemplo o fato da mulher por ser negra ter mais resistência a dor ou ainda ser a que menos é tocada por exemplo no exames de prevenção ao cancêr de mama e de útero, que tem um alto índice nesta parcela da população. Outros fatores foram observados como tendo uma maior incidência entre a população negra como hipertensão, anemia falciforme, mortalidade materna, entre outros. A PNSIPN também se refere a sua implementação e responsabilidade junto às esferas de gestão em âmbito federal, estadual e municipal. Confira mais em:

Ato lembra os 90 anos de Paulo Freire | BRASIL de FATO

Ato lembra os 90 anos de Paulo Freire | BRASIL de FATO

Almanaque Socioambiental - Parque Indígena do Xingu 50 anos

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Almanaque Socioambiental - Parque Indígena do Xingu 50 anos
Autor: Instituto Socioambiental
Editora: Instituto Socioambiental

O Almanaque Socioambiental Parque Indígena do Xingu 50 anos traz um conjunto de informações de diferentes fontes sobre processo de criação do Parque Indígena do Xingu (PIX). Tem 316 páginas e é ricamente ilustrado por mais de 200 fotos e mapas. Um encarte conta a história de cada um dos 16 povos indigenas que ali vivem. Além de retratar o passado, a publicação resume o presente e discute a sustentabilidade do PIX, abordando assuntos como saúde, educação diferenciada, desmatamento, a relação dos índios com as cidades e os desafios que as novas gerações terão pela frente para preservar suas culturas.
Detalhes:
ISBN 978-85-85994-84-6
Livro em Português
brochura
1ª 2011
316 pág.
tamanho físico: 23x16
peso: 0,55

Fonte: ISA

Zumbi dos Palmares,o herói Afro-Brasileiro

Zumbi dos Palmares. Herói Afro Brasileiro

O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.

Zumbi nasceu livre em Palmares, Pernambuco, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado "Francisco", Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar das tentativas de torná-lo "civilizado", Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.

Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita. Mas Zumbi olhava os portugueses com desconfiança. Ele se recusou a aceitar a liberdade para as pessoas do quilombo enquanto outros negros eram escravizados. Ele rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi torna-se o novo líder do quilombo de Palmares.

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirantepaulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido.

Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares.

Zumbi é surpreendido pelo cap. Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos).

Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695.

Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."

Zumbi é hoje, para a população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra.

É também um dos nomes mais importantes da
Capoeira

I Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira e Indígena

I Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira e Indígena

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CURADORES: Joselene de Souza Pinto Rubem Pereira de Àvila


O Objetivo desta primeira edição da “I Mostra de Arte e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” é enfocar a cultura material através da diversidade de itens que fazem parte do dia-a dia desses povos, buscando diferentes soluções cênicas para retratar a beleza estética e a funcionalidade que cada povo imprimiu os seus artefatos.


Sem dúvida a contribuição desses povos à cultura nacional é um subproduto importante para nos entendermos como brasileiros.


O que tem em comum a história dos povos ameríndios e africanos na América?


Poderíamos pensar que os povos da África fossem os “índios africanos”, já que, do mesmo modo que os ameríndios habitavam o continente há milhares de anos. Afinal, foi na África que o Homo Sapiens nasceu.


Em comum, uma história de dominação por invasores que chamamos, de modo amistoso, de colonizadores, europeus que, com tecnologia mais avançada impuseram religião, língua, cultura e, num extremo de selvageria, a escravidão, esse modelo de economia aviltante.


Se, para os nossos índios, esse domínio não obteve sucesso – mais porque eles não admitiam a prepotência, o domínio de um homem por outro homem, menos que pela indolência que a história perpetuou – para os negros africanos ele se materializou de modo cruel, por décadas a fio, até a abolição, que os jogou nas ruas e estradas do país, como bens inservíveis.


Em comum, a perda de suas raízes imemoriais. Se para os indígenas, arrancados das suas aldeias para o trabalho escravo, ainda havia a possibilidade de fuga para terras distantes, que eles bem conheciam e dominavam, para os africanos, também arrancados de suas aldeias, embarcados em navios negreiros e aportados numa terra estranha, o retorno às suas origens era impossível.


Assim, ambos os povos se miscigenaram com os colonizadores e mesmo entre si, constituindo duas das mais importantes matrizes da formação do “povo brasileiro”, contribuindo profundamente na cultura, arte, religião, língua, culinária e tantos outros aspectos da nossa formação enquanto brasileiros.


Se quisermos nos definir como povo, não podemos negar que corre em nossas veias muito da África negra, dos ameríndios, numa miscigenação que enriquece a nossa cultura e modo de ser.

A Arte conjugada com a vida

Sempre se disse que “objeto de arte” no modo de ver do europeu – que é um objeto criado mais para exibir sua beleza do que sua utilidade – não existe na África. Ainda porque em nenhum lugar do mundo a arte de confecção de objetos e o amor pela forma estética estão tão presente no cotidiano como naquele vasto continente.


Um senso de estética é evidente em todas as áreas de atividades culturais africanas, e não somente nos objetos rituais, esculturas que primeiro chamaram a atenção e despertaram o interesse dos amantes da arte.

Alicerçados em crenças ancestrais e inspiradas por sentimentos religiosos profundos, essas estátuas e máscaras naturalmente provocou uma grande impressão nos artistas ocidentais, que também perceberam o profundo significado desses objetos, a sensibilidade da dimensão psicológica que eles apresentam.


Não é a toa que esculturas e máscaras se tornaram as “estrelas” dos objetos da cultura africana.


Mas todos os outros artefatos – aqueles usados no cotidiano, os objetos discretos e construídos manualmente que enriqueciam os mais prosaicos momentos da vida, os têxteis, ornamentações, armas, os artefatos usados em festas e celebrações – esses inúmeros objetos demonstram uma
sensibilidade estética extraordinária bem acima de seus, às vezes, humildes propósitos.


Comparados às “estrelas”, eles se tornaram bem mais que “coadjuvantes”.


A sensibilidade estética no caso de objetos utilitários pode aparecer em dois níveis. Ela se mostra primeiro na elegância da modelação e formas, que, neles propiciam um simples prazer visual sem recorrer à ornamentação. Essa elegância, por outro lado, não é um fim em si, mas enfatiza a funcionalidade do objeto pela subordinação e adaptação dele para o fim a que se destina. Simples e puras formas são projetadas com um senso de beleza único e adaptadas à sensibilidade e ao domínio da técnica do artista.


Esta ornamentação formal e bela é às vezes um distintivo do estatus do possuidor. Não surpreende, por outro lado, que nenhum esforço é demais para suprir chefes, reis e suas cortes com atributos de prestígio.


Feitos manualmente por artesãos mestres ou artistas profissionais, trabalhando com materiais valiosos como metal, marfim e contas, seu propósito primário é mostrar sem nenhuma discrição a saúde e hierarquia dos proprietários. Por outro lado, esses objetos majestosos podem servir como modelos para os artistas e artesãos do povo comum e certamente estimulam seu desenvolvimento.


Os objetos da corte e os objetos do povo têm ambos os lugares nesta exposição. Eles devem ser admirados principalmente à luz de suas qualidades estéticas. Detalhes etnológicos, necessários em alguns casos, serão reduzidos ao mínimo. O nosso principal desejo é definir as necessidades diárias que esses objetos atendem, e os tipos de solução – técnica, formal ou decorativa – que são encontrados na sua confecção.


As simples e fundamentais realidades da vida no dia-a-dia são o que esta exposição se propõe. Cada capítulo apresenta um grupo ou família de objetos confeccionados para satisfazer as necessidades básicas do comportamento humano em um ambiente natural: mobiliário doméstico, utensílios de servir para grandes famílias, roupas, adornos, tecidos, defesa do direito à vida e demonstração de poder, os prazeres da sociedade e a confirmação simbólica da autoridade governando o grupo.


Esses objetos criados para satisfazer essas necessidades serão apresentados no contexto humano em que se tornaram necessários e as condições de vida que influenciaram o seu desenvolvimento.

O cotidiano dos povos da África e dos indígenas brasileiros – mais do que diferenças, muita coisa em comum

O cotidiano desses povos tem características peculiares que permitem, ao lado da língua, mitos, história oral ou escrita, construírem uma identidade própria, que se renova e reafirma no dia-adia, fator de agregação e estimulação.

Povos da África e ameríndios têm muito mais em comum do que possamos imaginar, embora algumas diferenças essenciais também existam.
O que vem a ser o cotidiano de povos primitivos, dependentes do que a natureza lhes fornece sazonalmente ou não, numa convivência que deve ser, naturalmente, pacífica e preservadora, um fator inerente à sua sobrevivência enquanto povo.


Momentos importantes, tais como os necessários à subsistência – prover alimentos, fabricar utensílios para o transporte e armazenagem de provisões, utensílios para cozer, servir, aqueles específicos para o ritual das refeições, equipamentos para obter o fogo e propiciar o cozimento
dos alimentos, outros como as festividades e celebrações – máscaras, vestimentas, instrumentos musicais, adornos plumários – outros momentos como o dormir, o repouso, o descanso, ou aqueles para sentá-lo ou definir hierarquias, o nascimento e morte, todos esses, e mais outros, necessitam de um mosaico de objetos que, mesmo tendo a mesma função, se diferenciam grupo a grupo, enriquecendo os dois continentes dum modo que, inclusive, despertou, ao longo dos séculos, o interesse de viajantes, antropólogos, etnólogos, artistas e cientistas.


Vários segmentos do dia-a-dia serão enfocados nesta Mostra, de modo a demonstrar a funcionalidade dos objetos, aliada a um profundo senso estético, possibilitando a comparação do que os povos da África e os povos da América têm em comum ou as diferenças entre as suas culturas materiais.

Os bancos

Povos indígenas e africanos confeccionam bancos de sentar, imprimindo à madeira formas, figuras, grafismos, de tal modo que essas peças são, efetivamente, esculturas, com um profundo senso de estética.


Mas há diferenças fundamentais entre os bancos da África e os do Brasil.

Lá, os bancos são objetos de prestígio, marcadores hierárquicos, conferindo a seu possuidor relevância dentro da comunidade.
Aqui, os bancos são de uso exclusivo masculino, preferencialmente dos pajés, constituindo-se num meio de transporte entre o mundo dos vivos e o dos espíritos.


Quanto às formas, são comuns bancos indígenas zoomorfos, estilizando animais da fauna com a qual os índios têm contato diário.


Os grafismos são, também, comuns nos bancos brasileiros, sendo possível identificar o grupo que o confeccionou através da simples visualização de seus desenhos geométricos.

Uma diferença notável: os povos da África também confeccionam como mobiliário para sentar,tamboretes e cadeiras, inexistentes na América.

As máscaras

Toda celebração requer o uso de vestimentas e máscaras. Os povos da África e Brasil não fogem a esta regra.


O elemento mágico que se instala no momento em que o cortejo mascarado dá entrada no recinto da festividade é único.


Há algumas diferenças fundamentais entre as máscaras africanas e as dos nossos índios.


Primeiro, o requinte de acabamento das máscaras da África inexiste nas dos ameríndios. As primeiras utilizam na quase maioria a madeira como elemento fixador das feições da máscara, sendo, portanto, mais perenes. As segundas utilizam palha, fibras vegetais e penas, sendo por isso mais efêmeras.


Segundo, pelas dimensões, bastante avantajadas em algumas ameríndias, de pequenas dimensões às vezes nas africanas.


Outra característica ligada às máscaras dos indígenas brasileiros é o cuidado com que são guardadas. Algumas tribos têm nas aldeias uma construção exclusiva para esse armazenamento, usualmente chamada de “casa dos homens”.


Máscaras são objetos de uso essencialmente masculino, sendo vedado às mulheres até mesmo a sua visão. Isto vale tanto para a África quanto para a América.

Os utensílios para a alimentação


Os índios brasileiros utilizam, na sua maioria, panelas de barro para o cozimento dos alimentos.


Há uma delas que merece destaque: a bijuzeira.


Trata-se de uma peça circular, achatada, sobre a qual a massa de mandioca ralada, lavada, seca ao sol e livre do veneno que a impregna, é moldada na forma de uma “pizza” e manuseada com alguns apetrechos, de tal modo a ser levemente tostada em ambos os lados. Come-se o biju resultante com peixe moqueado, pimenta, cortando-se simplesmente pedaços irregulares e recheando-os com esses petiscos.
Os africanos também se utilizam de panelas de barro para o beneficiamento dos alimentos, mesmo embora, como aqui, o apelo das panelas de alumínio ou ágata esteja diminuindo a produção artesanal dessas peças.


Nossos indígenas comem com as mãos, do mesmo modo que na África (lá, sempre com a mão direita).


Mas, na África, são usados talheres de madeira ou marfim bastante trabalhados, uma herança, talvez, dos colonizadores europeus.
Cabaças são utilizadas com muita freqüência, tanto na África quanto na América. É o recipiente ideal para o transporte e o beber de líquidos. Nesse particular, no Brasil, são muito freqüentes os mingaus de mandioca, milho, pequi e as beberagens à base de mandioca, onde as cuias entram como utensílio ideal de uso coletivo.

A tecelagem

Índios no Brasil, ao contrário da África, não utilizam vestimentas tecidas, andando nus nas aldeias e pelas matas.


Há exceções notáveis: no Acre, Kaxinawá e Ashaninka – pela influência dos povos andinos de quem são parentes – e no Pará, os Araweté, tecem belíssimas peças em algodão tinto com extratos vegetais ou minerais.


Já na África, os têxteis têm presença constante e abrangente. Belíssimos tecidos, com grafismos em cores naturais e chamativas, são confeccionados em todas as regiões, compondo vestimentas exuberantes, sendo, inclusive, objeto de escambo nas feiras e mercados.


Mas, há um artefato essencialmente indígena que teve grande penetração na cultura nacional: a rede de dormir!


Invenção indígena, de uso e transporte fácil, a rede de dormir é usada na maior parte do país, mesmo que apetrecho de lazer.

Instrumentos musicais

A música é um elemento cultural inerente a todos os povos. Isto também é verdade quando se olha para as duas culturas objeto desta Mostra, especialmente se pensarmos o quanto cada uma dessas matrizes de formação do nosso povo influenciou nossa musicalidade.


A herança indígena nos legou o maracá, instrumento por excelência dos ameríndios. Uma cabaça, adornada ou não com grafismos incisos ou pintada de urucum, pedras ou conchas no seu interior, um cabo para a empunhadura, e temos aí esse instrumento, de uso difundido por todo o
Brasil.


Tambores, com corpo de tronco de árvore e pele de animais silvestres aparecem em áreas mais próximas dos contrafortes andinos, ou, pela influência dos jesuítas, adotados pelos povos que tiveram contato com aqueles religiosos.


Como instrumentos de sopro, flautas, de um só corpo ou duplas, longas ou curtas, flautas de Pã, têm uso em muitos dos povos da América. Como curiosidade, buzinas e flautas com palhetas (tipo um oboé rústico) aparecem aqui e ali.

Paus marcadores de ritmo são usados por muitos povos, alguns dos quais também utilizam pequenas varetas de madeira para esse fim.
Outra influência jesuítica é a rabeca, que os povos Guarani utilizam com maestria retirando uma corda do violino original.


Interessante notar que às vezes a rabeca não é tocada como instrumento melódico, mas sim como marcador de ritmo.


Na África, vários instrumentos musicais enriquecem as celebrações festivas, sendo que muitos deles, já na Idade Média, migraram para a Europa, foram aperfeiçoados e ainda hoje integram conjuntos musicais pelo mundo afora.


É o caso das rabecas, violão e outros.

Mas o instrumento africano de maior distribuição naquele continente é sem dúvida o tambor.
Grandes, pequenos, eles aparecem em todas as tribos Africanas.
Há dois tipos fundamentais: aquele com corpo de madeira e couro e aquele todo de madeira.
No tocante à percussão, os tambores Africanos são tocados em todo o Brasil, nas cerimônias
religiosas dos cultos, festas, etc. Assim, terreiros de umbanda e candomblé têm nos atabaques o
marcador de ritmo nos quais as danças se alicerçam.


Outro instrumento confeccionado pelos africanos é o alaúde, antepassado do violão. Muitas das vezes, a caixa de ressonância do instrumento é feita de cabaça, adornada com búzios, contas coloridas e couro de animais.


Os curadores da I Mostra de Arte e Cultura Afro-brasileira e Indígena vem há mais de quinze anos desenvolvendo um intenso trabalho de divulgação da Cultura Indígena e da Arte Popular através de Exposições e Mostras no Brasil e no exterior, acumulando ao longo de anos de estudos e pesquisas, inclusive de campo, consistência museológica e qualidade estética, possibilitando a realização de eventos de ampla ceitação e credibilidade junto ao público estudantil, profissional da área e visitantes em geral.


Nesta edição de 2010, a Mostra disponibilizará ao público um pequeno recorte da coleção particular de Rubem Pereira de Ávila que ao longo de três décadas vem colecionando valiosas peças que compõem várias exposições significativas sobre o tema.


Outra importante contribuição no acervo Africano é do Instituto Cultural Baba Toloji, que gentilmente nos cedeu algumas peças que enriqueceram o conjunto expositivo.

É importante lembrar que a Mostra vem de encontro à legislação pertinente, regulamentada pelas leis federais 10639/03 e 11645/08 que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, e pela lei municipal 11128/02 que institui 20 de novembro, dia da consciência negra, como feriado municipal no município de Campinas.

Fonte:

Cultura Afro-Brasileira

CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Cultura afro-brasileira é o resultado do desenvolvimento da cultura africana no Brasil, incluindo as influências recebidas das culturas portuguesa e indígena que se manifestam em diversos expressões como, por exemplo, a música, a religião e a culinária. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados tanto pela quantidade de escravos recebidos como pela migração interna dos escravos, em virtude do fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.
Evolução histórica
Inicialmente, todas as manifestações culturais afro-brasileiras eram proibidas, desprezadas, desestimuladas e perseguidas porque não eram parte do universo cultural europeu, não representavam civilidade, mas sim, uma cultura selvagem e atrasada em contra-ponto à Europa em desenvolvimento.Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular.A capoeira, que era considerada forma de briga de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Getúlio Vargas que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional". Durante a década de 1950, as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida pela classe média carioca .Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Religião
Os negros trazidos da África na condição de escravo, geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, geralmente através de prática secreta. Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras formaram-se através do sincretismo religioso como oBatuque, Xambá e Umbanda. No culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge(Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da igreja do Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé). As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega e existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como formas de demônios.
Culinária
A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa.
Na Bahia existem duas maneiras de se preparar os pratos "afros". Uma mais simples, sem muito tempero, que é feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidos aos Orixás, e a outra, fora dos terreiros, onde as comidas são preparadas e vendidas pela baiana do acarajé, nos restaurantes, e nas residências, que são mais carregadas no tempero e mais saborosas. A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, vatapáe moqueca.
A feijoada é considerado o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos e carne de porco. Começou, certamente, quando escravos negros tentaram reproduzir pratos típicos da culinária portuguesa da região do Porto que misturavam feijão branco com carne de porco. Os escravos negros modificaram a receita, pois só tinham acesso a feijões pretos, às partes rejeitadas do porco que eram salgadas (pés, rabos, orelhas) e à carne-seca. A feijoada é acompanhada pela farofa, prato a base de farinha de mandioca, com origem indígena e couve refogada.
Capoeira
Capoeira é uma arte marcial criada por escravos negros no Brasil durante o período colonial. Conta-se que os escravos diziam aos senhores que era apenas uma dança e, então, o treino era permitido. Assim, a capoeira é sempre praticada com instrumentos de percussão, música cantada, dança e, em algumas versões, acrobacias.
A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos.
Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o tema de vários jogos de computador e filmes. Freqüentemente é mencionada na música popular brasileira.
Música e dança
A A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá,coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe.
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.
Instrumentos afro-brasileiros
Arte
A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifíca arte afro-brasileira.
Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afro-Brasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho.


Fonte:
http://castelinho-artes.blogspot.com/2009/09/cultura-afro-brasileira-turmas-119-e.html