domingo, 9 de outubro de 2011

Achado para não ser esquecido

Em meio às obras de revitalização da zona portuária do Rio, foram descobertas recentemente as estruturas de antigo mercado de escravos. Em sua coluna de abril, Keila Grinberg conta um pouco de sua história e defende a ideia da prefeitura de criar um memorial no local.
Por: Keila Grinberg
Em viagem ao Brasil, o pintor francês Jean Baptiste Debret (1768-1848) retratou o mercado de escravos de Valongo, no Rio de Janeiro. Historiadores e arqueólogos da prefeitura conduzem escavações nas ruínas recém-encontradas.

No dia 1º de maio de 1823, a escritora inglesa Maria Graham (1785-1842), em uma desuas viagens ao Brasil, escreveu em seu diário:
“Vi hoje o Val Longo [Valongo]. É o mercado de escravos do Rio. Quase todas as casasdesta longuíssima rua são um depósito de escravos. Passando pelas suas portas à noite, vi na maior parte delas bancos colocados rente às paredes, nos quais filas dejovens criaturas estavam sentadas, com as cabeças raspadas, os corpos macilentos, tendo na pele sinais de sarna recente.
Em alguns lugares, as pobres criaturas jazem sobre tapetes, evidentemente muito fracos para sentarem-se. Em uma casa, as portas estavam fechadas até meia altura e um grupo de rapazes e moças, que não pareciam ter mais de quinze anos, e alguns muito menos, debruçava-se sobre a meia porta e olhava a rua com faces curiosas. Eram evidentemente negros bem novos.”

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