sábado, 1 de outubro de 2011

Histórias em Quadrinhos da África: a pujança de um continente

Por Sonia M. Bibe Luyten (21/05/2004)
Africa Comics, uma antologia italiana
sobre o tema
O interesse pelos quadrinhos africanos - sejamos descendentes ou não de um de seus povos que formaram nossa nação - é algo que qualquer brasileiro tem. Falar sobre as HQs da África, como um todo, seria um sacrilégio, pela enormidade de sua extensão geográfica e as culturas multifacetadas que abrigam. Mas é preciso começar por um ponto de partida.

Apesar de não estarem mencionados nas grandes enciclopédias (que se dizem completas), livros e artigos sobre a produção internacional, os quadrinhos africanos sempre existiram e ainda existem em certos países, com uma produção marcante.

Desde que visitei, há alguns anos, nações da África como Angola, Moçambique, África do Sul, Zimbábue (antiga Rodésia), Namíbia e, recentemente, a Tunísia, tenho pesquisado sobre este tema e recolhido material em muitos festivais internacionais em outros países, para que pudesse ter uma idéia de sua história, trajetória e seus heróis.

Todos nós conhecemos muito mais sobre as HQs que têm como cenário a África do que propriamente daquilo que se publica naquele imenso continente, composto por 52 países de etnias, culturas e religiões tão diversas.

Na maioria das vezes, as informações e imagens dos quadrinhos nos chegam através do exótico, da informação estereotipada e preconceituosa, seja do ponto de vista europeu, americano, asiático e até mesmo brasileiro. Nas aventuras que têm como cenário a África, o continente é mostrado como um lugar misterioso, sem fronteiras definidas, onírico, mítico, legendário, romântico mas também paupérrimo, primitivo e sem cultura.

Mesmo no Brasil, por mais que os livros escolares atuais tentem mudar ou apagar a triste memória da escravidão que só provocou danos na auto-imagem dos afro-brasileiros, a arquitetura colonial das antigas fazendas está ainda aí para testemunhar, por meio da senzala e dos poços de tortura, as atrocidades que foram cometidas contra o povo africano.

Ainda hoje, contudo, os prédios de apartamentos são construídos com a presença do quartinho de empregada e do elevador de serviço, como símbolos da servidão. Não é fácil, portanto, tirar, de uma hora para outra, este "rótulo" do imaginário dos desenhistas e roteiristas brasileiros que se inspiram na cultura negra para criar um quadrinho tendo o descendente africano como seu herói, sem cair na dicotomia do tipo agressor (justiceiro) ou do eterno sofredor.

A tradição africana de quadrinhos (continua... acesse aqui a matéria completa)

Fonte: Universo HQ

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