segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Engenho onde Nabuco morou é restaurado - História Viva

Engenho localizado em Pernambuco, onde morou o abolicionista Joaquim Nabuco é transformada em Centro Cultural.
A casa-grande e a capela foram recuperadas, a casa-grande abrigará a exposição permanente “Nabuco e Massangana: o tempo revisitado” sobre a história do engenho e a biografia do abolicionista.
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Engenho onde Nabuco morou é restaurado - História Viva


Dayana Velasco

Exposição




No mês da Consciência Negra, a exposição "Raízes", da artista Andiara Neder, vem propor uma reflexão acerca da história dos negros na sociedade brasileira e da sua trajetória de dor e brutalidade.
O título da exposição remete às raízes do preconceito, enfrentado pelos negros, e ao mesmo tempo, às raízes da cultura brasileira, perpetuada pela luta e resistência negra.
A exposição retrata ainda a força das mulheres africanas representada também pelos orixás femininos.
O Espaço Cultural Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora convida a todos para a abertura da exposição no dia 1º de novembro às 20:00.

domingo, 30 de outubro de 2011

Indígenas enfrentam há quase um mês falta de água em escola de MS

Escola reduziu aulas e pode comprometer o ano letivo, diz professor. Sesai busca alternativa para resolver o problema na escola.

Cerca de 130 alunos do ensino fundamental da escola municipal Ñandejara Bocajá, da aldeia Te’Yikuê, em Caarapó, a 273 km de Campo Grande, enfrentam há pelo menos 24 dias a falta de água na instituição. De acordo com o professor da escola, Alécio Soares Martins, um poço artesiano fornece água para o colégio e toda a aldeia, mas constantemente apresenta problemas. Sem água, as aulas foram reduzidas.

Na quarta-feira passada (26), revoltados com a situação, os estudantes chegaram a fazer um protesto, exibindo vários cartazes pedindo a solução do problema. O professor diz que a falta de água não é um problema somente da escola, mas que afeta toda a aldeia. “Quase 40% da aldeia está com problemas. Eu mesmo já fiquei dois dias sem tomar banho por falta de água em casa”, explica.

Ainda segundo Martins, a população está tendo que usar a água de um córrego que passa próximo da aldeia. “As pessoas vão lá para lavar roupa, tomar banho e pegar água para cozinhar e beber”, comenta.

Além da questão do saneamento, o professor diz que a falta de água já ameaça o ano letivo dos estudantes, já que as aulas tiveram que ser reduzidas a metade do período, em razão do forte calor no local. “Não tem como segurar a criançada. No intervalo eles vão querer beber água, como não tem, temos que liberá-los”, lamenta.

O coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Nelson Carmelo, disse ao G1 que a bomba que abastecia a aldeia queimou e foi trocada por uma nova, mas que o problema do fornecimento principalmente para a escola persiste. “Existem técnicos nossos trabalhando na aldeia para descobrirmos qual é o problema e resolvê-lo”, assegura.

Uma das alternativas estudadas, conforme Carmelo, é uma ligação direta do poço para a escola. “Talvez nós tenhamos que puxar a água direto para a escola, sem passar pelo percurso todo da aldeia”, comenta, completando que a expectativa é que uma solução para o problema seja encontrada nesta semana.


Fonte: G1



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Polícia apura queixa de aluna do PR que diz ter sido agredida por ser negra

A Polícia Civil investiga um caso de racismo contra uma adolescente de 15 anos que foi agredida dentro de uma escola de Curitiba. A garota diz que sete colegas bateram nela dentro do banheiro do colégio. Segundo a mãe da garota agredida, a adolescente sofre bullying por ser negra.
Veja a reportagem do ParanáTV 1ª edição, da RPC TV Em entrevista ao Paraná TV, da RPC TV, a garota disse que as colegas deram chutes, socos e pularam em cima dela, até ela cair no chão. “Eu sei que saí com o nariz sagrando, todo mundo viu”, contou. A estudante ainda disse que as provocações racistas e xingamentos acontecem há pelo menos cinco meses. Além disso, ela afirma que as colegas se referem a ela como “macaca”.
Depois do episódio de agressão, uma das garotas ainda fez referência à estudante agredida em uma rede social na internet usando o termo “macaca”.Segundo a diretora auxiliar da escola, os pais da garota agredida e da outra estudante que provocou a briga foram chamados para conversar e que tudo havia sido resolvido.
A mãe da garota agredida transferiu a filha para outro colégio e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia do Adolescente. “Quero mostrar pra milha filha que não tem motivo pra ninguém agredir ninguém por ela ser diferente, pela cor dela ser diferente de outras. É muito triste isso”, relatou a mãe.


Para ver o video da reportagem: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1676529-7823-ESTUDANTE+DE+CURITIBA+APANHA+DE+COLEGAS+DENTRO+DA+ESCOLA,00.html
Fonte: Globo.com/Vídeo
***
Por esse e outros motivos que eu acho que a obrigatoriedade nas universidades e nas escolas de ter a disciplina de Relações Étnico-Raciais é de extrema importância para que esses casos parem de acontecer!! Um absurdo!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Girl Like Me - Legendado em português


"Para essa jovens adolescentes norte americanas, cor é muito mais que a pele. É assim que elas se definem diante das câmeras. Um curta brilhante legendado pela equipe do projeto Bem-Me-Quer, para que professores e demais educadores possam utilizar em sala de aula com seus alunos estimulando o debate e a reflexão sobre o tema."

Fonte: Binside TV

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diversidade sociocultural brasileira em debate

Desde 2003, com a sanção da lei 10.639, o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana se tornou obrigatório nas escolas de todo o país. Em 2008, a lei 11.645 somou a esse conteúdo a obrigatoriedade da história e cultura indígena nos currículos. A garantia da implementação dessas propostas nas escolas é responsabilidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi/MEC). NOVA ESCOLA conversou com Viviane Fernandes Farias, diretora de Políticas do Campo e Diversidade da Secadi, para saber quais as obrigações e desafios que as instituições de ensino - considerando gestores, professores e comunidade-- têm com relação à abordagem dos temas previstos nas leis.


A cultura afro-brasileira e indígena só foram consideradas recentemente na história das leis ligadas à Educação no Brasil?
Viviane: A Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira já criavam dispositivos para uma revisão curricular que inserisse referências às contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. Seguindo essa diretriz, uma série de políticas públicas e novos textos legais passaram a ser formulados.


Porque tornar esses conteúdos obrigatórios por meio de leis? Afinal, qual a importância deles para a Educação brasileira?
Viviane: Essas políticas e programas que começaram a ser implementados têm duplo valor: atender às demandas de diferentes realidades socioculturais, ouvindo seus representantes, compreendendo suas expectativas quanto aos projetos comunitários; e valorizar a diversidade sociocultural dentro dos Sistemas de Ensino, mudando mentalidades, práticas pedagógicas e administrativas. A lei 10.639, por exemplo, mostra aos sistemas de ensino, escolas e a toda sociedade brasileira a necessidade da revisão das bases de projetos pedagógicos e curriculares ao inserir essas temáticas nas aulas. Esse é um esforço de democratização do ensino e de valorização do patrimônio cultural de povos e comunidades diferenciadas que formam a sociedade brasileira e que devem ser reconhecidos e respeitados. Assim, promovemos a superação de atitudes de preconceito e discriminação, decorrentes muitas vezes do desconhecimento dessas realidades.


Como é feito acompanhamento da implementação das leis que obrigam o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas?
Viviane: Os Conselhos Municipais, Estaduais e do Distrito Federal são responsáveis pela regulamentação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais em suas localidades. Na prática, o acompanhamento deve ser feito pelos sistemas de ensino, sendo prerrogativa de cada sistema fazer o controle das unidades de sua rede.


O que são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana e Ensino da Cultura e História Indígena?
Viviane: Essas Diretrizes Curriculares foram publicadas em junho de 2004 e apresentam um conjunto de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e avaliação da Educação para as relações étnico-raciais. É uma resolução ainda em vigor. Em 2009, o MEC publicou o Plano Nacional de Implementação dessas diretrizes curriculares, com metas a serem alcançadas até 2015. Neste plano, existem ações previstas para cada segmento educacional, para estados, municípios e governo federal. Os principais divulgadores desse conteúdo são os Fóruns de Educação e Diversidade Étnico-Racial existentes nos estados e que estão iniciando em alguns municípios. O texto do Plano Nacional para a implementação dessas diretrizes está disponível no Portal MEC.


Existe uma diferença entre escolas públicas e particulares com relação à implantação das leis?
Viviane: A determinação legal é para a Educação Básica como um todo. A diferença está na formação continuada dos professores e no projeto político-pedagógico da escola. Por isso é importante a oferta de cursos e obras de qualidade sobre as temáticas tratadas nas leis. Só assim as formas de ensino desses conteúdos específicos serão coerentes com a realidade das comunidades onde se inserem os estudantes e com as demandas de uma sociedade democrática e respeitadora das diferenças culturais.


Como o MEC supervisiona a formação de professores e de materiais para o ensino história e da cultura afro-brasileira?

Viviane: O MEC atende às demandas dos estados, municípios e do Distrito Federal para Formação Continuada e Material Didático, através do Plano de Ações Articuladas (PAR), que é um instrumento de avaliação e de implementação de políticas de melhoria da qualidade da Educação. Esse atendimento tem sido realizado por meio de cursos de Formação Continuada para professores das redes de ensino nas temáticas da História e Cultura Afro-Brasileira e dos Povos Indígenas por meio da Rede de Educação para Diversidade. Os cursos de formação são realizados em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Existe um prazo estipulado para que as escolas se adéquem às leis?
Viviane: Não há no mecanismo legal prazo para implantação das leis em 100% dos municípios, tendo em vista a dimensão do país e as especificidades de cada região. Mas, como já disse, em 2009, foi elaborado o Plano Nacional de Implementação da Lei 10.639, com metas a serem alcançadas até 2015.


O que os gestores escolares podem fazer para que suas instituições de ensino estejam dentro das leis?

Viviane: O caminho é o da formação de professores e gestores para discutir a revisão das bases curriculares e pedagógicas dos projetos pedagógicos das escolas contemplando as temáticas das legislações e a disponibilidade de obras para qualificar os projetos. Os gestores têm o grande papel de incentivar os professores e mobilizá-los para a formação, além de apresentar essa proposta para financiamento pelo Ministério da Educação.


Como os pais podem acompanhar o cumprimento dessas leis nas escolas de seus filhos?

Viviane: Pais e mães devem ter representação no Conselho Escolar e também participar da elaboração do projeto pedagógico da escola, problematizando o que é importante os estudantes se apropriarem. A escola que constrói seu projeto pedagógico em diálogo com a comunidade está oportunizando a discussão de novas áreas de conhecimento que devem compor seus currículos, inclusive discutindo que não se trata de criar uma disciplina específica, mas abordar a história e cultura afro-brasileira e indígena de modo interdisciplinar.


O MEC reconhece que a não implementação das leis pode não corresponder a uma negligencia das escolas, mas talvez à falta de estrutura para o ensino de tais temas?

Viviane: Consideramos que existem experiências de implementação das leis pela iniciativa de coordenadores pedagógicos e de professores comprometidos com a associação significante entre escola/sociedade e que trabalham temas discutidos na sociedade como um todo, inclusive as temáticas abordadas pelas leis. E para as escolas que estão iniciando o processo, existem políticas de formação e outras para facilitar a implementação das leis.


Fonte: Revista Nova Escola

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Nova Iguaçu sediará jornada de educação para Igualdade racial

O município de Nova Iguaçu sediará nos dias 4,5 e 6 de novembro, na Universidade de Iguaçu (Unig), a 2ª Jornada de Educação para a Promoção da Igualdade Racial, que tem como tema “Infância Sem Racismo”.
O encontro vai reunir 20 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, cujos secretários municipais de educação participaram no próximo dia 7 de outubro da pré-jornada, no escritório da UNICEF, no centro do Rio. O evento é realizado pela ONG Se Essa Rua Fosse Minha e tem como objetivo alertar para o impacto do racismo na infância, adolescência e suas complicações no cotidiano escolar e ainda a implementação da Lei 10.639, que trata da divulgação da história de afirmações positivas dos negros e índios.
Já no dia 19 de outubro acontece a Ciranda das Diversidades que espera reunir 200 crianças do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, sendo 10 de cada município representado. De acordo com César Marques, da ONG Se Essa Rua Fosse Minha, elas vão discutir em roda de conversa a temática do racismo na infância e adolescência. O objetivo é ouvir e fazer um levantamento das percepções que os estudantes das redes municipais têm sobre o racismo.
Para a secretária de Educação, Dilceia Quintela, sediar a jornada será uma grande responsabilidade para o município, mas ao mesmo tempo uma honra, já que as escolas da rede já trabalham a implementação da Lei 10.639. Além disso, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) tem um departamento que cuida do tema e faz parcerias com a Secretaria Municipal de Cultura e com a Coordenadoria de Políticas da Igualdade Racial (Coopir). “Nossas escolas realizam excelente trabalho de valorização da raça negra e de combate ao racismo entre as crianças. A proposta é trabalhar a questão da diversidade e respeitar as diferenças”, afirmou Dilceia.
A secretária lembrou ainda que a prefeita Sheila Gama instituiu por meio de decreto, em junho, a reserva de 20% das vagas em concursos públicos para afrodescendentes e indígenas. Também foi lançada na cidade a campanha “Infância Sem Racismo”, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.
No ano passado, a exposição fotográfica “Olhares Iguaçuanos”, na Câmara de Vereadores mostrou fotos feitas pelos próprios professores. O objetivo das imagens era fazer com que os estudantes se vissem de forma positiva e bonita. O resultado do trabalho foi imediato, o aumento da autoestima das crianças e dos pais, já que as fotos também ficaram expostas na escola.
Em Nova Iguaçu, cuja rede municipal de ensino é formada em sua maioria por crianças afrodescencentes, a disciplina que trata da questão faz parte da grade curricular das escolas que usam o tema nas disciplinas de matemática, geografia, história e português, onde literatura afro tem sido bastante difundida. Podemos citar como exemplos positivos, o trabalho realizado nas Escolas Municipais Manoel João Gonçalves, Ivonete dos Santos Alves, onde são realizados trabalhos afirmativos de valorização da raça negra, como as tranças, cor da pele, danças e cultura afro de modo geral.
Fonte: DDonline

Rap homenageia Milton Santos

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domingo, 23 de outubro de 2011

Ser negro no Brasil hoje – texto de Milton Santos

Há uma freqüente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas. Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito.
500 anos de culpa
Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a freqüentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas. A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política conseqüente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se próxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual?
Hipocrisia permanente
No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é? Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é freqüentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambigüidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica.
Marcas visíveis
Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social.
Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é freqüente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.
A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade.
Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro - imagem fácil - e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva. Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambigüidade a que já nos referimos, cuja primeira conseqüência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional.
Olhar enviesado
Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel freqüentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em “faits-divers”, em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.
Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranqüilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver “subido na vida”.
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Fonte: Folha de S.Paulo – Mais – Brasil 501 d.c. – 07 de maio de 2000

A lei nº 10.639/03 faz história no Exame Nacional do Ensino Médio, 2011


por Arísia Barros
Ao incluir uma questão sobre a lei nº 10.639/03 nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Ministério de Educação corrobora para que as escolas brasileiras se eduquem para o exercício curricular de aplicabilidade da Lei de Diretrizes e Bases Nacional, em toda sua integralidade.
Como toda caminhada começa com um primeiro passo, agora vale a mobilização do movimento negro para que esse ganho (proposição da militância aguerrida nas muitas e diversas conferências ) seja ampliado, nos próximos ENEMs. Abaixo a questão:
*Questão 32
A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,
oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que
o conteúdo programático incluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil,
a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo
negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário
escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do "Dia da Consciência Negra".
Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira,
porque
A) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
B) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
D) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.
E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.
Resolução
A tendência atual da educação brasileira, de incluir conhecimentos sobre história e cultura africanas no currículo visa resgatar o conhecimento relativo aos povos de origem não europeia, que é fundamental para a
compreensão da diversidade do povo brasileiro.
Resposta: E
O advogado carioca Humberto Adami, apontado pela ISTOÉ Dinheiro como um dos negros mais bem-sucedidos do País afirma: "como participante dos trabalhos jurídicos de implementação da lei 10.639, com a histórica campanha do IARA e entidades do movimento negro para exigir a lei através de inquéritos civis públicos e em todo o país, através do Ministério Publico, sinto-me realizado com a inclusão, pela primeira vez, de uma questão sobre a lei de História da África e da cultura afro-brasileira.Vamos celebrar!"
Então, vamos celebrar!

sábado, 22 de outubro de 2011

O Rappa - Minha Alma


Gostaria de compartilhar com vocês a música e o vídeo, que foram lançados no ano 2000, mas que apresentam uma situação que se repete até hoje: o retrato de todo preconceito e racismo que existe em nossa sociedade.

Muitas pessoas conhecem e gostam da banda e das músicas, mas nem sempre param para pensar no seu impacto social e na mensagem que eles passam.

Essa música foi feita mais diretamente em relação aos conflitos de violência que ocorrem na cidade do Rio e o vídeo mostra os vários fatores que estão envolvidos nesta situação: policiais sem escrúpulos e preconceituosos que esperam apenas um gesto para interpretá-los da forma que os convém, arrastões, comércios que ficam à mercê de criminosos do morro ou da polícia, pessoas inocentes que pagam o preço da injustiça, a insegurança de estar e sair na rua e não saber o que pode acontecer, a falta de educação e programas sociais abrangentes e eficientes, dentre muitos outros.

Mais triste é pensar que quem mais precisa dessa luz e dessa consciência que apenas algumas músicas trazem, não as possuem porque já estão inseridos e alienados dentro dessa realidade sem fim.

E ainda somos obrigados a lidar com a hipocrisia e a pachorra do governo do Rio de Janeiro em fazer um comercial dizendo que o Rio está em paz.

Nem todos podem mudar o mundo, mas se cada um fizer sua parte podemos contribuir para que tudo melhore. Mais educação e mais respeito!

"Paz sem voz não é paz, é medo"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Muita terra para pouco índio?


O vídeo da Associação Brasileira de Antropologia retrata a luta indígena pela terra que, muitas vezes, é cheia de conflitos. Os indígenas falam sobre o preconceito que sofrem e pelo desejo de reconhecimento, que pode ser entendido como o respeito a sua cultura e ao seu território, bem como políticas públicas afirmativas que possibilitem a garantia de seus direitos.


Clique na imagem para assistir ao vídeo.



Grupo Arte e Cultura Indígena: Samilla, Lusimeire, Talita e Maria Betânia

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sistema de Cotas nas Universidades

Cotas para negros, por que sim?


Cartilha de cotas.
cotas
A favor e contra as cotas, infelizmente as pessoas se posicionam facilmente em um dos dois lados, sem conhecerem o que a história nos reservou, e o que realmente os brasileiros precisam para que o Brasil não seja eternamente o pais do amanhã.
Para esclarecer o por quê sim das cotas, o Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas criou uma cartilha intitulada “Cotas raciais. Por que sim?” , no intuito de esclarecer o por quê das discussões sobre cotas para negros em nossa sociedade.
É bem verdade que ao iniciar uma discussão sobre cotas, costuma-se cair no senso comum, no qual se afirma que todos somos iguais, e por isso devemos ser tratados igualmente como consta na constituição. Porém sabe-se que somos diferentes e que, para haver uma igualdade real, necessário é que sejam todos os diferentes tratados de forma diferencial na medida em que se diferenciam.


Atualmente sabe-se que as mulheres precisam ter seus direitos resguardados, e políticas em favor das mesmas foram criadas para fazer valer tais direitos. As crianças e adolescentes que são muito vulneráveis também estão sendo tratados de forma diferenciada para que não sejam mal tratados. Os idosos receberam em seu estatuto “privilégios” justos e merecidos por servirem ao país.
Sendo assim, acreditamos que tratar uma parcela da população, que desde o descobrimento do país tem sido explorada, escravizada e depois marginalizada, com políticas públicas para provimento da igualdade, não vem a ser um problema, muito pelo contrário. Surge agora no ulular de muitos dos negros que perderam a vida por dias melhores em terras tupiniquins, uma pequena luz que visa o reparo deste trágico momento da história chamado escravidão.

Segue alguns trechos retirados da cartilha do Ibasa que merecem reflexão. Para baixar a cartilha completa clique aqui.
“A questão é que enquanto não for reconhecido o esforço de cada grupo que compõe nossa população – o quanto cada um deles contribuiu, e contribui, para a formação da sociedade brasileira –, seremos sempre o país do amanhã. Enquanto não houver igualdade de oportunidades para toda a população, independentemente de cor, raça, gênero, orientação sexual, origem, renda etc., a concretização do Brasil como nação verdadeiramente democrática estará cada vez mais distante”
“A discriminação racial no Brasil é mesmo bastante particular e precisa ser vista com atenção. Não tivemos apartheid, mas o racismo persiste na nossa sociedade, muitas vezes sem se declarar, aparecendo mais em atitudes e menos freqüentemente na fala.
A omissão também é uma forma de perpetuar o preconceito, seja no que diz respeito a qualquer situação de discriminação que ocorra em sala de aula, seja por não discutir os pro­blemas raciais na sociedade brasileira ou, ainda, por não trabalhar em classe a rica contribuição histórica, cultural e intelectual dessa população.”
Thiago Santos de Amorim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Reitor da UFRB é acusado por alunos de fazer discurso racista na Bahia

O reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), professor Paulo Gabriel Soledade Nacif, divulgou uma nota comentando a polêmica em torno de uma declaração proferida no dia 7 de outubro, durante rodada de negociação com estudantes de graduação, que ocuparam o campus da cidade de Cachoeira por 40 dias, entre setembro e outubro, reivindicando melhorias na instituição.

Um vídeo com trechos do discurso foi postado no Youtube http://www.youtube.com/watch?v=HaHEAAqyhZo&noredirect=1 no dia 10 de outubro, onde ele comenta sobre os empecilhos culturais que devem ser ultrapassados no processo de interiorização da universidade no Recôncavo. “Uma universidade que nasce no interior, cujos trabalhadores são do interior... se a gente for ver pela cor do trabalhador, pela renda do trabalhador que nós temos, a formação do trabalhador, a gente vai ver que é um desafio maior. Querer que a UFRB funcione na velocidade de uma universidade antiga ou qualquer outra é brincadeira”, diz no vídeo.

Na gravação, o reitor é interrompido por uma estudante, que mostra indignação com o que foi dito. “A gente não pode considerar de forma alguma o senhor dizer que o fato de a universidade estar no interior e a cor do funcionário interfere diretamente na atuação da UFRB”, contrapõe.

Em conversa com o G1, Paulo Nacif explicou que estava tentando defender os servidores técnico-administrativos durante o discurso, que foram alvos constantes de agressões verbais por parte dos estudantes ao longo do período de ocupação. "Eles chamavam os servidores de corruptos e incompetentes, exigindo que a UFRB, que tem cinco anos, fosse igual à USP imediatamente. A maioria dos servidores está aqui na universidade há dois anos. Mas eles não colocaram essa parte no vídeo", afirma e acrescenta: "Isso é que beira o racismo, a forma com que eles tratam um grupo de servidores que é do interior e não está acostumado a ver essa mobilização de estudante".

Paulo Nacif, 47 anos, é agrônomo formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e reitor da universidade desde abril de 2003. Ele comenta que tem um debate acumulado sobre a questão do racismo e diz reafirmar o discurso exposto para os estudantes. "Não há como considerar a estrutura da sociedade brasileira sem entender a questão de classe e cor. Milton Santos e diversos autores ressaltam isso de forma muito categórica. Entendo que algumas pessoas possam achar tudo isso estranho, mas nós precisamos trazer isso para a sociedade brasileira, que é racista", afirma.

O estudante que gravou e editou o vídeo não foi encontrado pelo G1 para comentar as acusações.

Nota pública

Através de um comunicado publicado no dia 17 de outubro (segunda-feira) no site institucional da UFRB, o reitor comenta o caso. Segundo ele, o vídeo foi editado “cuidadosamente” e divulgado “por um grupo de discentes, alguns, legítimos militantes de partidos e outros coletivos políticos”. Ainda sobre o vídeo, ele comenta a denúncia de racismo: “Nele, uma frase descontextualizada está sendo propagada para dar a falsa impressão de que teria sido racista em minhas declarações. Eu, cujo combate a essa prática, é parte do meu cotidiano”. (Confira abaixo íntegra da nota)

O comunicado tem 23 parágrafos, nos quais diz, entre outros pontos, sobre a origem pobre e negra e como vem combatendo as práticas de desigualdade social e contra o racismo ao longo de sua trajetória de vida. Ele cita ainda que a sua primeira ação como gestor foi a criação da Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil (PROPAAE) do Brasil, além do Fórum 20 de Novembro, evento anual que discute questões raciais do Recôncavo, da Bahia e do Brasil.

Ocupação

O movimento de ocupação dos estudantes da UFRB foi iniciado no dia 1° de setembro deste ano, somando 40 dias sem aulas, que foram retomadas apenas no dia 17 de outubro (segunda-feira). A ocupação foi organizada pelo coletivo chamado 'Paralisar para Mobilizar', formada por graduandos de todos os centros da universidade.

Eles apresentaram pauta de reivindicações contendo 106 pontos, entre eles, a ampliação do quadro docente, implantação de convênios com empresas de extensão, volta da Semana Acadêmica, aumento da quantidade e valor das bolsas, reforma e ampliação do Restaurante Universitário (R.U) e cessão de espaço público para movimento estudantil.

A negociação contemplou 35 dos 106 pontos, segundo informações do coletivo estudantil, ocorrida entre os dias 6 e 7 de outubro. Entre os acordos estabelecidos entre as partes estão: transporte intercampi, que será implantado em novembro deste ano, aquisição de nova residência estudantil, que "escore" não seja pré-requisito para manutenção de bolsas, biblioteca básica para o curso de Letras, além de discussão e criação de políticas de estágio.

Confira nota divulgada pelo reitor:

no site: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2011/10/reitor-da-ufrb-e-acusado-por-alunos-de-fazer-discurso-racista-na-bahia.html


Um total absurdo isto! Vale a pena ler.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Palestra de Chimamanda Adichie



É um vídeo muito interessante,o qual retrata a influencia da mídia sob o nosso ponto de vista do mundo!

Monumento em homenagem a Martin Luther King

A estátua de 9 metros do líder negro foi inaugurada ontem, 16 de outubro de 2011, em Washington.

http://youtu.be/hEteNgmyPZo

Racismo e educação

Samilla Alvim Tibúrcio

Ao longo da História, as desigualdades raciais e a exclusão social do negro se fizeram presentes, sobretudo, devido ao pensamento etnocêntrico europeu que serviu de base para a disseminação de teorias racistas que pregavam a superioridade dos brancos sobre os negros. Essas teorias viam o negro como um animal, considerando-o uma raça primitiva, cultural e intelectualmente inferior; o que o colocava na condição de servo dos brancos.

Nas três últimas décadas do século XIX e nas três primeiras do século XX, as políticas brasileiras tiveram influências das teorias racistas européias para o desaparecimento das populações negras e indígenas.

Baseando-se em um conceito biológico de raça e tendo respaldo em teorias fenotípicas, no século XIX, difundem-se as políticas eugenistas cuja ideologia era a necessidade do branqueamento da população por meio da miscigenação, que seria incentivada com a imigração europeia. Essa mistura de raças seria a solução para a regeneração da população, afastando, assim, os males da doença e da criminalidade “originados” na raça negra.

No entanto, devido à luta do Movimento Negro, as conquistas no combate às desigualdades raciais começaram a aparecer. As pressões desse Movimento, bem como a Conferência de Durban em 2001, da qual o Brasil participou, levaram ao compromisso do Governo com a implantação de políticas de ação afirmativa que visam reparar as injustiças contra grupos vítimas do racismo no decorrer da História.

Uma das políticas que ganhou destaque social foi a promulgação da Lei 10.639/03 que estimula o estabelecimento de relações étnicorraciais positivas, rechaçando o preconceito e a discriminação, e valorizando a diversidade racial e cultural. A Lei determina a inclusão de conteúdos curriculares sobre a História e Cultura Afro-Brasileira na escola básica (Ensino Fundamental e Médio).

Entretanto, a implementação efetiva da lei é um desafio, principalmente pela falta de conhecimento e formação necessários para os profissionais da educação (gestores, professores, etc.). Entende-se a necessidade de debates e estudos que contemplem a questão racial, o aprimoramento da formação inicial e continuada de educadores, tornando-os mais atentos e abertos ao diálogo interracial, fornecendo subsídio teórico e prático, bem como materiais pedagógicos pertinentes a formação.

Além disso, são relevantes as ações integradas dos Governos municipal, estadual e da União subsidiando recursos e medidas que fomentem a inclusão social e a equidade, para que todos tenham direitos iguais no acesso e na permanência nos espaços educacionais.

Bibliografia:

BRASIL. Diretrizes Curriculares nacionais para a Educação das relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 2004.

GOMES, Nilma Lino. Limites e possibilidades da implementação da Lei 10.639/03 no contexto das políticas públicas em educação. In: PAULA, Marilene de e HERINGER, Rosana (Orgs). Caminhos convergentes: Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: Heinrich Böll Stiftung, 2009, p. 39-71.

OLIVEIRA, Iolanda de e SACRAMENTO, Mônica Pereira do. Raça, currículo e práxis pedagógica: relações raciais e educação – o diálogo teoria/prática na formação de profissionais do magistério. In: Cadernos Penesb: Especial Curso Erer. Niterói, 2010, n.12, p. 205-281.

domingo, 16 de outubro de 2011

Racismo durante o campeonato inglês de futebol

Estava navegando no site da uol e li uma reportagem que me chamou a atenção. Depois do tão polêmico caso com o jogador Roberto Carlos, observamos mais um caso de racismo nos gramados de futebol, desta vez durante o campeonato inglês. Estes casos demonstram que o racismo ainda continua presente nos dias atuais, mesmo depois de muitas discussões e de implementações de leis que buscam romper com a discriminação racial.
Segue a reportagem:


Francês Evra acusa uruguaio Suárez de racismo na Inglaterra

A polêmica do racismo no futebol ganhou um novo episódio na Europa. O francês Patrice Evra acusou o uruguaio Luis Suárez de tê-lo insultado pelo menos dez vezes durante o empate por 1 a 1 entre Liverpool e Manchester United, no último sábado, pelo Campeonato Inglês.

“Havia câmeras [para registrar]. Ele sabe o que disse e o árbitro também sabe. No ano de 2011 já não se pode dizer coisas assim. Não vou repetir, é uma palavra racista e ele disse pelo menos dez vezes”, declarou Evra.

O atacante do Liverpool se defendeu e negou ter insultado o lateral do Manchester United. “Estou triste com essas acusações de racismo. Só posso dizer que sempre respeitei todo mundo. Todos somos iguais. Vou a campo com a ilusão de uma criança que gosta do que faz, não para criar conflitos”, escreveu em seu Facebook.

A Federação Inglesa de Futebol comunicou que analisará o incidente para estudar possíveis punições.

Recentemente, dois casos de racismo repercutiram no Velho Continente e envolveram brasileiros. Na Rússia, Roberto Carlos deixou o campo indignado antes mesmo do término da partida do seu clube, o Anzhi, porque um torcedor atirou uma banana em sua direção.

Em março, durante o amistoso Brasil 2 x 0 Escócia, uma casca de banana foi atirada no campo e caiu próxima a Neymar, em Londres.

*Atualizado às 14h50, com agências internacionais

Agenda Acadêmica da UFF e SNCTI: aberturas no dia 17


Às 10h, ocorrerá a abertura da 8ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Niterói; às 18h, terá início a Agenda Acadêmica da UFF. --> Leia mais.

Aulas serão suspensas 
e substituídas por atividades


Durante a 8ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e Agenda Acadêmica não haverá aulas, estas deverão ser substituídas pelas atividades propostas durante o período de 17 a 23 de outubro, considerando a Resolução do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) nº 189/2005. Outras informações no site www.snct.uff.br.


Semana da Consciência Negra no SESCTV

Semana da Consciência Negra no SESCTV

O SESCTV irá promover uma programação com a temática "Negritude", durante a semana do dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
Confira o debate na Série Diálogos Impertinentes no dia 25/11, às 20 horas.

Veja no site:

http://www.sesctv.com.br/destaque.cfm?id=1496&destaque_id=4

A legislação no Brasil para a educação etnicorracial e os seus desafios

Venho por meio deste, contribuir para o debate que permeia a bibliografia do nosso curso, e dialogar com a criação da legislação no Brasil para a educação das relações etnicorraciais na escola, bem como, apontar os desafios para implementação dos DCN's sobre o tema.
A criação duma legislação no Brasil para a educação das relações etnicorraciais na escola, foi fruto de Movimentos, Lutas.
A educação como direito social apresentou-se como desafio na república brasileira, uma vez negada à população negra, ao longo da história que via o negro como impecílio de desenvolvimento.Do final do século XIX até os dias atuais, a educação como direito social, é um debate constante nas reivindicações dos Movimentos Negros.
A lei 10.639/03 vem oferecer à demanda da população afrodescendente no sentido de políticas de ações afirmativas- valorização, reconhecimento.
Reconhecimento, requer adoção de políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, que envolve questionamentos de preconceitos que permeiam as relações etnicorraciais, valorização dos processos históricos de resistência negra com práticas docentes capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito.
De modo paralelo a uma formação docente, que contemple o domínio dos conteúdos, selecione, adeque a relação social e o contexto dos alunos, com as práticas sociais dos sujeitos, com a necessária competência para atuar com a diversidade racial brasileira, é de extrema necessidade que as políticas públicas sejam propostas com o objetivo, como traz Iolanda Oliveira e Mônica Sacramento, de eliminar fatores externos que afetam negativamente a instituição escolar, interferindo como fatores de eliminação e/ou retenção de negros no sistema educacional.
Nilma Lino Gomes, coloca como desafio para implementação da lei 10.639/03 o fato de trazer a diversidade para a escola que tem como princípio ser universalista, ou seja, ensinar tudo, a todos, da mesma forma.Partindo do princípio que não somos todos iguais, temos particularidades, a escola deveria ser apoiada na equidade, igualdade, uma escola republicana, que assim, funcionasse com o respeito a diversidade.
Visto que é um direito a igualdade de condições de vida, de cidadania.Igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira.
A autora aponta ainda, como limite, a inserção da questão racial nas metas educacionais do país, no Plano Nacional da Educação, nos planos estaduais e municipais, na gestão da escola e nas práticas pedagógicas e curriculares de forma mais contundente. Doravante, o que se pretende e se quer é uma mudança nas políticas universalistas, a ponto de que toda e qualquer iniciativa de política pública em educação passe a incorporar a diversidade etnicorracial.Dessa forma, faz-se importante um diálogo com a sociedade civil e com o movimento negro.
No documentário " Se eles soubessem", o Colégio Estadual Guadalajara vem implementando este diálogo, criando espaços de debates sobre a cultura que perpassa a exigência legal determinada pela lei 10.639/03 e que contemple assim, as práticas sociais dos sujeitos vista na sua diversidade.
Fiquemos atentos também a lei 11.645/08, que introduziu a questão indígena, e se condensa em nossa sociedade com olhares diversos que , assim, apontam para diálogos constantes.
Bibliografia:
BRASIL.Diretrizes Curriculares nacionais para a Educação das relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 2004.
GOMES,Nilma Lino. Limites e possibilidades de implementação da Lei 10.639/03 no contexto das políticas públicas em educação.In: Paula, Marilene de e HERINGER, Rosana ( orgs).Caminhos convergentes: Estado e sociedade na superação das desigualdades no Brasil.1ª ed. Rio de Janeiro: Heinrich Böll Stiftung, 2009, p. 39-71.
OLIVEIRA, Iolanda. Sacramento, Mônica Pereira. Raça , currículo e práxis pedagógica: relações raciais e educação - o diálogo teoria/prática na formação de profissionais do Magistério.In: Cadernos Penesb: ESpecial Curso Erer.Niterói, 2010.n.12, p. 205-281.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Literatura Infantil e Discriminação Racial

O negro na literatura infantil: apontamentos para uma interpretação da construção adjetiva e da representação imagética de personagens negros.
Valdinei José Arboleya




Pensando numa educação para as relações étnico -raciais, a literatura infantil apresenta-se como uma perspectiva instigante junto à necessidade de reformulação dos padrões ideológicos. A prática pedagógica do trabalho com literatura infantil e contação de história deve embasar-se em outros aspectos dos contos clássicos, possibilitando um contato crítico com a obra e ao mesmo tempo, utilizar obras e que se verifique o negro desempenhando papel principal ou em atividades socioeconômicas valorizadas, (...)

Artigo na íntegra, disponível em http://www.africaeafricanidades.com/documentos/O_negro_na_literatura_infantil_apontamentos.pdf

Fonte: Revista África e Africanidades - Ano I - n. 3 - Nov. 2008 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com

Postado pelo grupo: Boas Práticas na Escola - Cristiane Fagundes, Priscila Martins, Pryscilla Duarte e Ramaiana Prado.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Racismo gera indenização de R$ 4 mil para segurança de boate em Niterói

RIO - A Justiça decidiu nesta segunda-feira que o jovem Dilson Pinheiro terá que pagar R$ 4 mil ao segurança de uma casa noturna de Niterói por danos morais. Ao tentar separar uma briga entre dois rapazes, Fábio do Carmo foi ofendido com palavras racistas, como “macaco” e “crioulo escravo”. A decisão da 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça manteve a sentença de primeiro grau. Para o desembargador Sergio Lucio de Oliveira e Cruz, relator do processo, houve o crime de injúria por preconceito:

“Importa dizer, ainda, que a alegação do réu de xingar seu ofensor, numa tentativa de livrar-se das agressões, é digna de lástima e demonstra que a conduta adotada foi pautada na total ausência de respeito ao ser humano”, destacou o magistrado.

Fonte:http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/10/10/racismo-gera-indenizacao-de-4-mil-para-seguranca-de-boate-em-niteroi-925545655.asp

Também é importante ver a justiça sendo feita!

O desafio de educar para a diversidade.


No Brasil, o tema da diversidade está cada vez mais presente em livros, seminários, oficinas.
Mas ainda vivemos em dois mundos – o das boas teorias e o das práticas defasadas.

*Por Francisca Romana Giacometti Paris

No filme Entre os muros da escola (França, 2008), em uma sala de aula marcada por diferentes ordens de conflitos, a certa altura uma aluna adolescente de ascendência árabe questiona seu professor, com ironia, sobre o porquê de os livros didáticos trazerem personagens apenas com nomes franceses, como se não existem pessoas com nomes árabes. Com isso, queria ilustrar o desconforto sentido por ela e diversos outros jovens de origem não francesa e o choque cultural vivido naquela sala, naquela escola e, claro, em toda a França.
Evidentemente, essa é uma situação tipicamente vivida na Europa, onde o tema da atenção à diversidade na Educação ganha corpo já há algumas décadas. São problemas reais, enfrentados com grande dificuldade pelo sistema escolar. Mas não queremos falar da França e da Europa. Apenas ilustrar, com um exemplo já trazido para o cinema – num filme provocativo, que vale a pena assistir –, um dos mais importantes desafios da escola contemporânea brasileira: a educação para a diversidade.
No Brasil, o tema da diversidade está cada vez mais presente em livros, seminários, oficinas. Mas, como costuma acontecer em nossa tradição pedagógica, ainda vivemos em dois mundos – o das boas teorias e, ao mesmo tempo, o das práticas defasadas.
Somos um país que tem a diversidade cultural em suas raízes históricas, amalgamando influências indígenas, negras, europeias. Há um século, recebemos um dos maiores fluxos migratórios da história recente, e agora chegam bolivianos, peruanos, argentinos. Mais: do ponto de vista social, nossa escola reúne crianças nas diferentes situações socioeconômicas, que têm suas próprias experiências e aprendem em seu próprio ritmo.
Contudo, de modo geral, as escolas brasileiras ainda parecem funcionar como se tivessem apenas um tipo de estudante: o aluno ideal, que corresponde a todos os estereótipos daquilo que desejamos consciente ou inconscientemente. Parafraseando o autor português João Barroso, ainda educamos a muitos como se fossem um só, e não a todos como se fossem "cada um". A diversidade cultural é tratada muitas vezes de modo quase folclórico; já as diferenças individuais, especialmente as ligadas às questões sociais, são simplesmente ignoradas.
Isso precisa mudar, por todos os motivos. Nossas salas de aula são de uma diversidade incrível, que produzem, naturalmente, grande riqueza humana. São um espaço fecundo para as trocas, para que as crianças se expressem, ganhem autoestima, que se orgulhem do que são e se encontrem em país multicultural.
A questão da diversidade precisa definitivamente estar contemplada nos materiais empregados, nas práticas pedagógicas cotidianas. Mais do que isso, precisamos preparar nossos professores para uma mudança de atitude, para criar um ambiente onde as diferenças sejam o combustível de uma maravilhosamente rica experiência educativa.
*Francisca Romana Giacometti Paris é pedagoga, mestre em Educação e diretora de serviços educacionais do Agora Sistema de Ensino e do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.

Fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/cotidiano/o-desafio-de-educar-para-a-diversidade/48703/

Educar para a diversidade como destacou Francisca Romana é um grande desafio. Infelizmente, no decorrer de nossas pesquisas estamos percebendo que, de um modo geral, as escolas não estão preparadas para trabalhar com a diversidade. Não há um trabalho voltado para esta temática. Lamentável, pois as escolas deveriam contribuir significativamente para a construção de uma sociedade melhor e estão ignorando questões tão importantes, como a discriminação e o preconceito. Educar para a diversidade possibilita olhar o diferente e entender que o fato de ser diferente não significa ser melhor nem pior, apenas diferente. Cada indivíduo é único e a escola não pode continuar educando todos da mesma maneira sem respeitar a individualidade de cada sujeito, ignorando a diversidade do nosso povo.

Postado por: Grupo Boas Práticas na Escola - Cristiane Fagundes, Priscilla Martins, Pryscilla Duarte e Ramaiana Prado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

AULA PASSEIO

Nesta segunda feira fomos convidados a uma Aula Passeio no Rio de Janeiro. Rompemos os muros da Universidade e nos permitimos tatear a história afro-brasileira a partir de seus legados deixados pelos diversos pontos de nossa cidade. Com olhos atentos e auxiliados por nosso "GUIA" Paulo Carrano, deixamos nos levar e assim levamos conosco lembranças de um passeio repleto de saberes e com uma grande pitada de sal. Celestin Freinet ficaria orgulhoso do empenho e dedicação atribuido a esta atividade".

domingo, 9 de outubro de 2011

João Cândido (Almirante Negro) - O Mestre-Sala dos Mares

Elis Regina canta o samba de João Bosco e Aldir Balc na inauguração do Teatro Bandeirantes. 1974. O mestre-sala dos mares conta a saga de João Cândido - o almirante negro - e a Revolta da Chibata.

Todos sabem que a letra original de João Bosco foi censurada pela ditadura que não tolerou a homenagem a um marinheiro insubordinado. Leiam o texto do Aldir Blanc no link abaixo e percebam como que a letra da música tinha o "agravante" de homenagear um negro. Comparem também as duas versões (com e sem censura) da letra da música.
Acesse o depoimento de Aldir Blanc na Rede de Direitos Humanos e Cultura

João da Bahiana

João Machado Guedes
 17/5/1887 Rio de Janeiro, RJ 
 12/1/1974 Rio de Janeiro, RJ



Compositor. Pandeirista.

Filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança. Seus avós, ex-escravos tinham uma quitanda de artigos afro-brasileiros no Largo da Sé. Sua mãe, conhecida pelo nome de Tia Perciliana, era baiana, donde surgiu seu apelido, João da Baiana, para distingui-lo de outros Joões do bairro. Foi criado na Rua Senador Pompeu, no bairro da Cidade Nova, onde tomou lições de cartilha com D. Maria Josefa. Na infância, teve como companheiros os futuros compositores Donga e Heitor dos Prazeres. Seus pais constantemente promoviam festas de candomblé, para as quais deviam tirar licença com o chefe de polícia, pois na época o samba, a batucada e o candomblé eram manifestações proibidas. Sua mãe teve 12 filhos, todos baianos, exceto ele. Um de seus irmãos - O Mané - era palhaço do Circo Spinelli e tocava violão e cavaquinho. Uma de suas irmãs tocava violino. Começou a compor sambas desde garoto. Sua mãe apreciava os dotes do menino para a batucada, o candomblé e a macumba, dotes que o destacavam de seus irmãos. Iniciou-se no pandeiro, instrumento para o qual tinha grande aptidão. Segundo seu depoimento ao M.I.S, que abriu em 1966 o ciclo de depoimentos para a posteridade, de larga repercussão no Rio e em todo o país, "eu sempre me dediquei ao pandeiro porque tinha amor ao ritmo. Os garotos formavam uma roda de samba e eu é quem tocava melhor o pandeiro". Ainda menino, trabalhou no circo como chefe da claque dos garotos que respondiam ao "Hoje tem marmelada ? Tem sim senhor". Por essa época, passou a se dedicar à pintura, uma grande paixão do compositor. Aos nove anos, ingressou como aprendiz no Arsenal da Marinha. Deu baixa três anos mais tarde, passando então a trabalhar no 2º Batalhão de Artilharia, como ajudante de cocheiro sob o camando de Hermes da Fonseca, futuro Marechal e Presidente da República. Em 1908, quando se apresentava na tradicional Festa da Penha, teve seu pandeiro apreendido pela polícia. O senador Pinheiro Machado, que era seu admirador e que freqüentemente promovia festas em "seu" palácio no Morro da Graça, o convidou para uma dessas festas e como ele não apareceu, quis saber o porque. Ao saber que o instrumentista tivera seu pandeiro apreendido, resolveu presenteá-lo com um novo padeiro, que trazia a seguinte inscrição: "Com a minha admiração, ao joão da Baiana - Pinheiro Machado". Com essa dedicatória do senador, pode voltar por diversas vezes à Festa da Penha, como integrante do Grupo do Malaquias, sem que a polícia fosse atormentá-lo. Em 1910, passou a trabalhar no Cais do Porto, sendo promovido a fiscal, em 1920. Por esse motivo, não acompanhou "Os oito batutas" à Paris, pois não queria trocar seu emprego certo pela aventura. Aposentou-se em 1949. Casou-se e teve dois filhos que morreram ainda na infância. Em 1972, foi recolhido à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, onde morreu dois anos depois.

Biografia
Dados artísticos
Obra
Discografia
Bibliografia Crítica
Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Trecho retirado do filme Saravah de Pierre Barouh. 1969 (c/ legenda)
João da Baiana canta, toca prato e faca e sapateia. Baden ao violão. Os dois tocam Okekerê de autoria do João e Yaô do Pixinguinha.



Patrão, Prenda seu gado (João da Baiana/Pixinguinha/Donga)