quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Olhar de um escravo


Como o pássaro
Eu estava deitado no chão observando aquele pássaro. Ele era marrom, do tamanho da minha mão aberta e suas asas eram as mais belas que eu já vi. Não tinha mais nenhum com ele no momento em que apareceu, mas mesmo assim não parecia estar perdido. Ele era livre.
Admirei-o por um longo tempo, querendo ser como ele. Sua cor combinava com a minha, tão odiada por muitos, porém tão desejada no trabalho. Seu tamanho era médio, o que não o impedia de ser único, e suas asas? Ah! Aquelas asas... Iluminavam meu olhar enquanto se estendia entre o leste e o oeste do céu! Voava com tanta vontade, parecia sorrir e fazia sua dança no ar como quem não tinha nada a perder, mas tudo a ganhar nas nuvens.
Por que eu não posso ter asas como ele? Por que o no meu céu sempre tem nuvens capazes de esconder o sol na minha vida? Tenho alguma liberdade? Quando tento alçar voo, trabalho. Nem tenho tanto tempo para ver o céu e se tento outra vez, sinto em meus pés correntes que me trazem de volta à minha realidade. É tudo tão rígido que não consigo respirar direito.
Entretanto, de uma coisa eu sei: minha alma pode ser livre como esse pássaro. Zumbi me ensinou que não tem nada que pode prender meus pensamentos, o que eu verdadeiramente sou. Único e livre como tal ave.
Autora: Val

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