quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A Abolição da Escravatura

Gláucia L. Drumond Bispo
Componente do Grupo História e Memória (noite)

Treze de maio de 1888. A filha do imperador legitima por meio da Lei Áurea o que já era fato: o fim da escravidão. No entanto, a digníssima Princesa Isabel não assinara a Lei Áurea por um ato bondoso ou humanitário. Como vimos, existiram outros motivos para a consolidação do que não foi mais possível manter.
Para além, de todos os acontecimentos históricos levantados e a mobilização por parte dos intelectuais liberais, houve intensa participação popular (população branca livre; ex-escravos e escravas) a favor da emancipação dos escravos, fazendo com que a revolta dos mesmos ganhasse novas dimensões.
De acordo com COSTA (2008), com a agitação da sociedade e a mobilização em prol do aceleramento do processo emancipatório, forneceu ao escravo uma visão de si fortalecida pelo movimento abolicionista: “ao mesmo tempo que justificava a revolta deles, condenava a repressão” (COSTA, p. 115, 2008).




“Enquanto no parlamento só se discutia e nada se resolve, os pretinhos raspam-se com toda a ligeireza. Os lavradores mal podem segurá-los.” (COSTA apud Revista Ilustrada, ano 12, n. 4666, 30 de setembro de 1887, p. 4).


Outro fator colaborador para a abolição fora as transformações político-econômicas no decorrer do século XIX. Em escala mundial, o trabalho escravo tornou-se insignificante. As relações de produção modificaram-se, exigindo novos meios de relação, conseqüentemente de produção.

Durante a década de 1880, incentivadas pelos abolicionistas escravos passaram a fugir das fazendas, sobretudo nas regiões cafeeiras onde os opositores da abolição encontravam-se concentrados e irredutíveis contra o fim da escravidão.

Com a desorganização do trabalho e mobilização da sociedade muitos fazendeiros passaram a “conceder as cartas de alforria em troca da promessa de que os escravos fariam a colheita” (COSTA, p. 120, 2008), ou então como na maior parte das vezes era obrigado a trabalhar nas fazendas por dois ou cinco anos.


A Igreja que tanto defendia a escravidão como a melhor maneira de salvar as almas dos negros, neste momento muda sua concepção. A escravidão era condenada do ponto de vista econômico e moral. Desta forma, a Igreja passa defender a abolição também.





“Afinal os bispos do império não podem mais conter a sua indignação diante das torturas infringidas aos míseros escravizados!” (COSTA apud Revista Ilustrada, ano 12, n471, 12 de novembro de 1887, p.6).


Antes mesmo da assinatura da Lei Áurea, “a abolição se fazia à margem da lei” (COSTA, p. 124, 2008). Era um fato inevitável.

No dia 3 de maio de 1888, a Princesa Isabel proclamava:
A extinção do elemento servil pelo influxo do sentimento nacional e das liberdades particulares, em honra do Brasil, adiantou-se pacificamente de tal modo que é hoje aspiração aclamada por todas as classes com admiráveis exemplos de abnegação da parte dos proprietários.


Quando o próprio interesse privado vem espontaneamente colaborar para que o Brasil se desfaça da infeliz herança que as necessidades da lavoura haviam mantido, confio que não hesitareis em apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura em antagonismo com o espírito cristão e liberal de nossas instituições. (COSTA, p. 124-125, 2008)


Dez dias mais tarde a lei vinha “selar um fato consumado”. Eis então, a Abolição da Escravidão, que muitos lêem como sinônimo de liberdade aos escravizados durante trezentos anos. Mas até os dias atuais, surge o seguinte questionamento: a lei Áurea realmente garantiu a liberdade dos negros escravizados e ainda igualdade de condições para competir na sociedade capitalista brasileira nascente?




Multidão em frente ao Paço . LAGO, Pedro e Bia. (13/05/1888)


Referencia Bibliográfica

BRASIL, Eric; MARQUES, Camila; CAMPOS Thiago at all. Pelos Caminhos do Jongo e do Caxambu: História, Memória e Patrimônio. – Niterói: UFF: NEAMI, 2008.


COSTA, Emília Viotti da. A abolição. 8ºed. ver. e ampl.. – São Paulo: Editora UNESP, 2008.


Foto Princesa Isabel. Disponível em: http://aimagemfeminina.blogspot.com/ Acesso em 02 de out 2011.


LAGO, Pedro; LAGO, Bia. Coleção Princesa Isabel Fotografia do Século XIX. – Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2008.

RUGENDAS, João Maurício. Viagem pitoresca através do Brasil. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979.


Nenhum comentário:

Postar um comentário