quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Discursos liberais e conservadores

Gláucia L. Drumond Bispo
Componente do Grupo História e Memória (noite)



A elite política e econômica e a Igreja tinham motivos suficientes para manter a instituição escravista. O país era movido pelo trabalho escravo. Desde os serviços domésticos, comumente feitos pelas mulheres escravas, ao trabalho pesado na roça, conduzido pelos homens. Extremamente úteis aos interessados em lucratividade, todos eram a favor da escravidão. Os poucos (que não eram escravizados) que questionaram a instituição foram expulsos da colônia. Os únicos que questionavam a escravidão foram os que viveram a crueldade a mesma: os próprios escravos. Mesmo assim, algumas pessoas afirmam que o negro foi passivo frente à escravidão.
É importante destacar que os negros não aceitaram a escravidão sem fazer algo para combatê-la. As fugas eram constantes. A formação de Quilombos foi extremamente importante no enfrentamento à escravidão. E ainda não pode se esquecer as diferentes maneiras “sutis” de resistência à cultura branca, tais como a invenção do jongo, capoeira, tambor de crioula entre outras criações que colaboraram para combate a escravidão e também para a formação cultural do país.
O processo abolicionista ocorre durante o século XIX, impulsionado pelos ideais da Revolução Francesa que aos poucos chegam ao Brasil, fazendo uma parcela da população colocar em dúvida os argumentos que sustentavam a escravidão. Um dos argumentos contestados foi o pensamento inculcado pela Igreja de que uns nascem para serem escravos, outros para serem proprietários, uns nascem para serem ricos, outros para pobres. Depende da vontade de Deus. No entanto, os ideais revolucionários institucionalizam os direitos naturais do homem, dentre eles encontra-se a liberdade: liberdade religiosa, econômica, intelectual e política.

A liberdade enquanto princípio estabelece que todos os homens ao nascerem são livres para ascender socialmente, desde que se esforcem para tal. O esforço determinará a posição social do indivíduo. Desta forma, os abolicionistas concluem que a escravidão não foi algo determinado por Deus, e sim uma construção social, que poderia ser desfeita, assim como foi produzida. Chegando a essas conclusões, vários projetos de leis foram feitos a favor da emancipação, defendidos por liberais e abolicionistas, contra a vontade dos conservadores, que lutavam pela manutenção do poder e pelo trabalho escravo, já que este produzia suas riquezas.

Assim, temos o seguinte quadro: liberais abolicionistas, que condenavam a escravidão tanto do ponto de vista moral, quanto do ponto de vista econômico. E os conservadores, que lutavam pela manutenção do poder, alegando que o trabalho escravo era extremamente necessário para a produção do trabalho, na época.


Referencia Bibliográfica:

COSTA, Emília Viotti da. A abolição. 8ºed. ver. e ampl.. – São Paulo: Editora UNESP, 2008.

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